Todo mundo conhece Bezerra da Silva e seus sambas clássicos, como Tem coca aí na geladeira, Malandragem dá um tempo ou Overdose de cocada. Mas o que nem todo mundo sabe é qual a raiz musical do Bezerra. Antes de cantar essas pérolas da música brasileira, ele se amarrava mesmo era no Samba de Coco…
O Samba de Coco surgiu no sertão pernambucano. Nos quilombos e senzalas, os negros cantavam durante o ritual da quebra do coco (para extrair as cocanhas, espécie de sebo) ao ritmo sincopado das batidas. Com letras improvisadas ou já estabelecidas, há quem puxa os versos (tirador de coco ou coqueiro) e os demais fazem o coro da resposta, formando um diálogo. O Coco pode ser tocado com instrumentos de percussão (cuíca, pandeiro, ganzá, maracas e zabumbas), com instrumentos “improvisados” (prato, talheres, copos) ou apenas batendo palmas.
Bezerra lançou basicamente 2 CD’s de Coco: O rei do côco volumes 1(1975) e 2(1976). Separei algumas do primeiro CD:
O rei do coco – Sem modéstia, Bezerra se auto-proclama o Rei do Coco, alegando que possui um dom natural, “Está no meu sangue, no meu eu / No meu coração na minha mente“. Baita som.
Língua grega – Feita pra travar sua língua, é algo como uma poesia da letra G, num ritmo que é Nordeste puro.
Vai chover hoje, urubu? – Pura subjetividade, Bezerra diz uma coisa querendo dizer outra, mandando um recado na “maciota” (malandragem típica dos sambas citados no início do post).
Algumas do Volume 2:
Cara de boi – Letra sensacional, caracteriza bem o diálogo entre o coqueiro e os instrumentistas. Olha o boi, olha o boi!
Segura a viola (Zé Pilintra) – Mescla de elementos religiosos com temperos clássicos da Capoeira, aliado ao ritmo nordestino. Excelente.